segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ministérios e Estruturas da Igreja

Ministérios e Estruturas da Igreja
( Enfoque Bíblico e Teológico )

Introdução

Este não é um assunto novo para nós. Já faz uns vinte anos que temos começado a compreender que a restauração da Igreja inclui a restauração de todos os dons e ministérios que estão assinalados no Novo Testamento e nessa direção estamos avançando prudentemente. A esta altura de nossa caminhada entendemos que necessitamos abordar novamente este tema e progredir em certas definições que a nossa situação atual requer.
Tenho a incumbência de dar a base bíblica e teológica deste tema; outros se referiram a nossa situação particular e os progressos que devemos fazer quanto aos ministérios e estruturas das comunidades que estão debaixo de nossa responsabilidade.
A maior parte da verdade que temos aprendido das Escrituras nestes anos, sobre a unidade e ministérios e estruturas da Igreja tem sido revisadas e debatidas com outros servos de Deus ( o grupo de Foz do Iguaçú ) e nós temos nos sentido mutuamente confirmados, enriquecidos e ampliados na visão. É valioso poder dizer que o que vou compartilhar tem o consenso e o aval deste grupo.
Este é um dos temas em que há mais disparidade de critérios nos distintos setores da cirstandade de nossos dias. A que se deve tanta divergência? Precrevem as Escrituras uma forma específica de governo e estrutura eclesial? Creio Que responder a estas perguntas não é tarefa fácil.
Na Sagrada Escritura podemos descobrir modelos e princípios, porém não um acabado e completo esquema sobre organização e governo da Igreja. Sua estrutura é dinâmica, cresce, desenvolve, evolui. Necessitamos humildade para aprender de Deus e de mais humildade ainda para não sermos sábios em nossa própria opinião e aprender uns com os outros. Como cremos que Deus tem o propósito de restaurar a Igreja, cremos também que Ele guiará seus servos passo a passo até que alcancemos a plenitude do corpo de Cristo.

1a Parte
Desenvolvimento histórico da estrutura eclesial

No século I
O Cabeça da Igreja : Cristo é o Cabeça da Igreja, o único que tem autoridade absoluta e pleno poder. Qualquer outra autoridade está subordinada a autoridade de Cristo e a sua palavra como autoridade delegada.
Os Doze
Cristo escolheu dentre seus discípulos doze homens a quem chamou apóstolos (Lc6:12-16) e lhes deu poder para :
Pregar, curar e expulsar demônios (Mt 3:13-15)
Batizar e ensinar (Mt 28:18-20)
Perdoar pecados (Mt 20:21-23)
Excomungar (desligar) os que não se arrependem (Mt18:15-18)
Deu-lhes a tarefa de pregar o evangelho a toda criatura e fazer discípulos de todas as nações (Mc 16:15-16 Mt 28:18-20)
Em duas ocasiões fez menção especial a Pedro:
Prometeu dar-lhes as chaves o Reino (Mt 16:18-20)
Pediu-lhes que pastoreassem as ovelhas do Senhor (Jo 21:15-20)
Na nascente comunidade de Jerusalém, o governo estava centralizado nos doze apóstolos. Eles eram a única autoridade aqui na terra. Pedro era o primeiro entre os iguais. Todos eles pregavam o evangelho, ensinavam a sã doutrina, batizavam, faziam milagres, administravam as finanças, disciplinavam, convocavam a Igraja, etc.
(Atos Cap2-5)
Os Sete
Diante do crescimento da Igreja foram eleitos sete colaboradores dos Apóstolos, a quem foi delegada a responsabilidade de administrar a distribuição diária para as viúvas (At 6:1-7). Nasceu assim um segundo nível de ministério. ( o termo diácono não aparece nesta passagem para designá-los, apesar de serem usadas as palavras "diakonia" e "diakonein" (verbo) nos versos 1 e 2 respectivamente ).
Profetas
Em At 11:27-28 se menciona "alguns profetas" que desceram de Jerusalém a Antioquía, entre eles Ágabo.
Em At 13:1 relata-se que na Igreja de Antioquía havia "profetas e mestres".
Em At 15:32 encontramos Judas e Silas como profetas.

Presbíteros
Em At 11:30 USA-SE pela primeira vez o termo "presbíteros" (anciãos). Em At 15 se fala definidamente de Apóstolos e Presbíteros de Jerusalém.
Outros Apóstolos
A partir de Atos cap 14 vemos surgir outros apóstolos como Paulo e Barnabé, os que ao formar novas comunidades em diferentes cidades se tornavam autoridade sobre elas. Porém logo começaram a estabelecer "presbíteros" (plural) sobre a Igreja em cada cidade, a quem encarregavam de pastorear, ensinar e cuidar do rebanho, debaixo da autoridade dos apóstolos. (At14;23;20:28 ITm 5:17 Tt 1:5,9)
Presbíteros
O governo da Igreja local era estabelecido por um presbitério (pluralidade) estabelecido pelos apóstolos, cujos integrantes chamavam indistintamente "anciãos" (presbíteros) ou "bispos" (episkopos), que tinham a função de ensinar (mestres) e patorear (pastores). (At 20:17,28 ITm 3:2 Tt 1:5,7 At 13:1 Ef 4:11)
Diáconos
Conforme cresciam as comunidades fez-se necessário um segundo nível de ministério na Igreja local: os diáconos. (a palavra grega significa "servidores") Fl 1:1 Tm 3:8-12. Os diáconos eram os colaboradores dos presbíteros nas diferentes tarefas pastorais, administrativas, ajuda aos necessitados, liturgias, etc. Havia também diaconisas Rm16:1.
Colaboradores dos Apóstolos
Quando a obra se estendeu para novas regiões e para evangelizar novas áreas, os apóstolos enviavam os seus colaboradores, que iam em caráter de delegados apostólicos e evangelizavam, fundavam comunidades, estabeleciam presbíteros, corrigiam o que estava errado, transmitiam os ensinamentos apostólicos e velavam pelo bom funcionamento das Igrejas. Exemplos disso foram Timóteo e Tito (IITm 4:10-13 Tt1:4-5) Epafras (Cl1:17) e vários mais (IITm 4:9-12,20).
O primeiro entre os iguais
Ao final do primeiro século, quando foram desaparecendo os apóstolos fundadores e possivelmente para que os presbíteros das Igrejas locais não ficassem acéfalos ( sem cabeça ou sem direção ), encomendavam a um dos presbíteros a responsabilidade de presidir, era o "primeiro entre os iguais". Provavelmente, depois de algum tempo, logo se começou a distinguir como o presbítero principal ou o mensageiro principal da Igreja. ( "escreve ao anjo da Igreja de ..." Ap 2:1,8,12,18 e 3:1,7,14 ). Anjo significa mensageiro. Muitos vêem nestes textos de Apocalipse 2 e 3 o primeiro indício de reconhecimento de um só ministro a frente de cada comunidade local e a base que pouco tempo depois se desenrolaria como o bispado monárquico sobre a Igreja de cada cidade.
O Bispo
No início do segundo século o termo "bispo" começou a ser usado especificamente para designar aquele que presidia o presbitério da Igreja local. Isto se pode perceber nos escritos de Ignácio de Antioquía e de outros. Com o tempo foram estabelecidos na Igreja de cada cidade três níveis de ministros: O Bispo, os Presbíteros e os Diáconos.
Obs: Isto é um desenvolvimento legítimo da estrutura eclesial ou um desvio ?
Nos séculos posteriores ( Oriente e Ocidente )
Os bispos das grandes cidades foram paulatinamente exercendo maior influência e tendo maior ascendência sobre os demais bispos da região. Séculos depois, o bispo de Roma reclamava autoridade sobre os outros bispos. Esta pretensão teve seu reconhecimento universal nas Igrejas do Ocidente, mas as do oriente resistiram a reclamação de Roma.
No ano 1054 se produziu o cisma ( divisão ) entre o Ocidente e o Oriente. Desde então as Igrejas Orientais ficaram estruturadas como Igrejas nacionais debaixo de um patriarca "católico". ( ex.: a Igreja Ortodoxa Russa, a Igreja Grega, etc. ). As Igrejas do Ocidente adquiriram uma estrutura universal debaixo do Bispo de Roma (o Papa), com o nome de Igreja Católica Apostólica Romana.
Depois da Reforma
As Igrejas protestantes reagiram contra o centralismo absoluto de Roma e foram adotando diferentes posições no que se refere a organização e governo da Igreja, em meio a um complexo quadro de divisões, que se sucederam por diversas razões.
Por exercer o direito de decidir, fundamentado na "livre interpretação" das Escrituras, se iniciaram novas igrejas.
Por causa de excomunhão por intolerância religiosa.
Pelo aparecimento de novos movimentos (alguns sadios avivamentos, outros não) que as Igrejas tradicionais não puderam assimilar. Foram criados novos grupos denominacionais e novas missões com características e doutrinas próprias.
Por razões menos nobres como ambição pessoal, ciúmes, contendas, etc.
Foi assim que nos últimos 5 séculos foram aumentando cada vez mais o número de denominações, organizações e missões. Estas tem levado suas diferenças aos campos missionários em todo o mundo, com os mais variados critérios e práticas sobre o governo da Igreja e outros pontos doutrinais.
Diferentes formas de governo no contexto atual
Existem três formas clássicas, vigentes especialmente nas Igrejas Históricas.
Episcopal : A autoridade principal reside no Bispo (Igreja Cátólica, Igrejas Ortodoxa, e algumas Protestantes). A maioria destas Igrejas reconhecem três degraus de ordenação ministerial: Bispos, Presbíteros e Diáconos.
Presbiteriano : A autoridade reside em um presbitério. Este pode ser nacional, regional ou local.
Congregacional : A autoridade reside na congregação. Seus membros elegem democraticamente seus pastores e demais dirigentes.
Além destas tres formas principais e clássicas de governo, existem denominações nas quais se combinam estas três formas. Na atualidade também há Igrejas ou movimentos estruturados ao redor do ministério pessoal de homens carismáticos que são fundadores e únicos líderes destas obras.
Diferentes estruturas no contexto atual
Estrutura mundial ou universal.
Estrutura nacional
Estrutura congregacional ou local.
Estas diferentes estruturas, quanto a jurisdição, se combinam com as diferentes formas de governo mencionadas anteriormente, dando lugar as mais variadas formas de administração e governo.
2a Parte
Os ministérios principais da Igreja
Há duas passagens fundamentais que nos apontam os ministérios principais estabelecidos pelo Senhor na Igreja:
Ef 411 "E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres"
I Co 12:28 "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas"
Por estes textos e pelo ensinamento geral do novo testamento, entendemos que os principais dons ministeriais que Cristo deu a Igreja são 4 (quatro), e na seguinte ordem:
Apóstolos
Profetas
Evangelistas
Pastores e Mestres ( mais adiante mostrarei porque entendemos que pastor e mestre são um mesmo ministério )
Apóstolos
Segundo entendemos, no Novo Testamento, existem 3 ( três ) classes de apóstolos:
1) Os doze apóstolos
Eles tinham caráter único por serem as testemunhas oculares que presenciaram a vida, ministério, morte e ressurreição de Cristo. Além disso foram os receptores diretos e transmissores dos ensinamentos de Jesus. Ao faltar um dos doze ( Judas Iscariotes ) o substituto tinha que ser alguém que havia estado com eles desde o batismo de João até a ascensão (At1:15-26)
2) Os apóstolos primitivos e fundadores da Igreja Universal
O Senhor levantou outros apóstolos e profetas como Paulo, Barnabé, etc. que, junto com os doze, receberam pelo Espírito Santo a revelação do ministério de Cristo e de sua Igreja (Ef3:1-7). Obviamente o apóstolo Paulo foi usado como importante canal de revelação para dar-nos a conhecer o ministério de Cristo.
Todos eles tiveram a função exclusiva e irrepitível de estabelecer o imutável fundamento doutrinal da Igreja para todos os séculos (Ef 2:20). Esta revelação se encontra registrada nas Sagradas Escrituras do Novo Testamento, e não admite agregados nem modificações posteriores ao período dos primitivos apóstolos (Gl 1:8-9).
3) O ministério apostólico de caráter permanente
De acordo com Ef 4:11-16 , Cristo segue dando a sua Igreja apóstolos, profetas, evangelistas e pastores mestres, até que se complete a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguem a unidade da fé, etc. Havendo distinguido o caráter único e exclusivo dos primeiros apóstolos, nos resta assinalar em que consiste o ministério apostólico em geral:
Evangelizar : Apóstolo quer dizer enviado. É um enviado ao mundo. É um homem que está mais perto do coração de Deus e arde com o mesmo desejo de Deus de que o evangelho chegue a todo o mundo e a toda criatura (Rm1:1,5,14,15;15;18-24)
Acompanhar a evangelização com prodígios, sinais e milagres (IICo 12:12; Rm15:19).
Fundar Igrejas (ICo 3:10-11) : A Evangelização em novas áreas faz com que surjam novas Igrejas. Isto requer o doutrinamento das novas comunidades, a capacitação dos santos, a formação de novos obreiros, a ordenação de presbíteros, etc. Paulo mostra que o selo de seu apostolado entre os demais apóstolos era Ter sido o instrumento para levantar a Igreja em Corinto (ICo 9:12).
Supervisionar as Igrejas com autoridade apostólica : Interceder, ensinar a sã doutrina, animar, instruir, corrigir erros, disciplinar os impenitentes, etc. Esta supervisão e ministração se realizam mediante a visitas pessoais, cartas e o envio de delegados apostólicos. O objetivo desta cobertura apostólica é que as Igrejas sejam sadias em sua fé, vivam em santidade, mantenham a unidade, sirvam em amor e evangelizem o mundo.
Ser canais de revelação : Já temos mostrado que os apóstolos, juntamente com os profetas são canais de revelação (Ef 3:5). A revelação referente ao "Kerigma" e ao "Didaque" já nos foi dada pelos primeiros apóstolos e a temos registrada obviamente nas Escrituras. Porém hoje, como sempre, necessitamos de ministérios de revelação em dois sentidos:
Para ajudar os Santos a compreender o que foi revelado, Deus, pela iluminação do Espírito, dá a alguns de seus servos luz sobre antigas verdades de sua Palavra, as quais sempre haviam estado ali, eram lidas, porém muitas vezes não compreendidas, pela carga de erros tradicionais, por condicionamentos culturais e religiosos, por uma fraca dependência do Espírito ou por nossas naturais limitações humanas. O bom uso deste dom trem produzido sempre avivamento e renovação na Igreja; e seu mau uso , heresias.
Pela necessidade de uma palavra circunstancial e particular. Assim como Jesus Cristo deu a João uma mensagem específica sobre cada uma das sete Igrejas da Ásia, hoje temos a mesma necessidade. Deus pode revelar a seus servos uma palavra específica para uma certa Igreja, nação ou indivíuo.
Ser a autoridade principal na Estrutura Eclesial. Na lista de dons o apóstolo sempre mencionado em primeiro lugar. Em ICo 12:28 , no grego se diz textualmente: "primeiro, apóstolos; segundo profetas; terceiro, mestres; depois ...". Esta ordem não é simplesmente cronológica, mas sim hierárquica. Os apóstolos são autoridade sobre os profetas, evangelistas, bispos, presbíteros e diáconos.
Esta é a ordem de Deus para a Igreja e o que faz possível a unidade. É responsabilidade dos apóstolos a condução geral da obra, debaixo da direção do Espírito Santo.
Consideração Contextual : Em nosso contexto atual, dada a condição e necessidade da Igreja, até aqui, a maior parte dos ministérios que cumpre uma função apostólica tem sido orientados em face da restauração das Igrejas., através de restabelecer o fundamento apostólico, compartilhar a "revelação" recebida sobre o que já foi revelado uma vez para sempre, transmitir a visão do reino e unidade da Igreja, etc. A nossa tem sido na sua maior parte uma função apostólica e profética de restauração.
Sem descuidar deste ministério de restauração, tão necessário para a igreja de todo o mundo, devemos avançar para um ministério apostólico evangelístico debaixo da direção do Espírito Santo.
Profetas
Não são muitas as referências do Novo Testamento quanto a este ministério. Das que existem podemos apontar o seguinte:
Ao falar sobre os apóstolos já apontamos que os profetas também são canais de revelação. O que temos dito sobre a graça de revelação é aplicada igualmente aos profetas. Pois ambos são mencionados no Novo Testamento como ministérios que recebem revelação ( Ef 2:20;3:5)
Na ordem dos dons ministeriais, ocupam o segundo lugar "...segundo, profetas" (ICo 12:28). Também está indicado em segundo lugar em Ef 4:11.
Resulta evidentemente que o apóstolo tenha autoridade estrutural e espiritual sobre as igreja que estavam debaixo de seu ministério, enquanto o profeta parece só ter autoridade espiritual.
Podemos notar dois perfis diferentes de profeta:
Um com as características de Ágabo, alguém que se movia mais em palavras de ciência. O Senhor lhe revelou que viria fome sobre a terra em que habitavam, por isso os discípulos de Antioquía enviaram ajuda econômica para os irmãos da Judéia ( At 11:27-30 ). Em outra ocasião revelou que Paulo seria preso em Jerusalém ( At 21:10-11 )
E outro com as características de Barnabé, Silas e Judas. A respeito destes, em At 15:32 diz: "Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram." . Creio que este perfil difere um pouco do de Ágabo, estes, evidentemente, desenvolveram mais um ministério de edificação, consolação e confirmação nas Igrejas. Algo parecido se diz de Barnabé ao descrever seu ministério quando chegou em Antioquía (At 11:23-24). Quanto a Silas, ele é o que acompanhava Paulo depois que este se separou de Barnabé, e foi por um bom tempo integrante de sua equipe apostólica.
A igualdade com os apóstolos é que sua atuação é tanto local como translocal.
Consideração Especial : Um apóstolo exerce autoridade nas Igrejas que estão debaixo de sua responsabilidade apostólica, porém quando vai a outras Igrejas (localidades), atua como profeta. Isto quer dizer que seu ministério tem ali autoridade espiritual e não estrutural. Por isso a esfera de atuação profética de um apóstolo pode ser muito mais abrangente do que sua esfera apostólica. Por exemplo: se vier ministrar-nos um apóstolo da Inglaterra, atuaria no nosso meio numa função profética, com uma autoridade espiritual e não estrutural.
Evangelista
Este termo aparece só tr~es vezes no N.T. , uma em Ef 4:11 , já transcrito no principio. As outras duas são:
At 21:8
"Partindo no dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando em casa de Felipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele."
II Tm 4:5
"Tu , porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faz a obra do evangelista, cumpre o teu ministério"
Isto Paulo disse a Timóteo ; e segundo a declaração, não fica dúvida de que para Paulo o ministério de Timóteo era de um evangelista. Isto pode parecer um tanto estranho ao mundo evangélico. Para esclarecer é necessário ter em conta que as palavras podem ter dois valores diferentes: um etimológico e outro semântico. Se analisarmos o sentido etimológico do termo "evangelista", diríamos que um evangelista é quem prega o evangelho. Porém se considerarmos o valor semântico atual do termo "evangelista" dentro do contexto evangélico, deveríamos dizer que é um homem dedicado a fazer campanhas evangelísticas, com um ministério livre e independente e dentro dos que tem uma tendência pentecostal, que ora pelos enfermos, expulsa demônios e quem sabe, faz algumas coisas mais. Porém nós precisamos conhecer o valor semântico da palavra "evangelista" nos tempos da Igreja primitiva. A única maneira de saber é estudando o N.T. , o ministério de Felipe e principalmente o de Timóteo, sobre quem temos mais dados. Ao fazer isso chegamos a conclusão que os evangelistas tinham as seguintes características:
Eram colaboradores dos apóstolos e membros de uma equipe apostólica: Felipe foi um dos apóstolos de Jerusalém ( At 8:4-17) e Timóteo colaborador do apóstolo Paulo. Não eram homens independentes, funcionavam sujeitos aos apóstolos. ( Fp 2:19-24 ).
Eram os braços de extensão do ministério apostólico: Ao estender-se a obra a muitos lugares, os apóstolos não alcançavam cobrir pessoalmente todas as regiões. Então enviaram alguns homens, que em caráter de delegados apostólicos atendiam as igrejas. Paulo tinha vários destes colaboradores. Apesar do único a que fez referência direta como evangelista foi Timóteo, sem dúvida tinha muitos outros colaboradores que cumpriam funções similares, como por exemplo Epafrodito (Fp3:25-30). Em II Tim 4:9-20 Paulo menciona a vários; "Demas me desamparou... Crescente foi a Galáxia, Tito a Dalmacia, só Lucas está comigo, toma a Marcos e trazei-o contigo ... quanto a Tiquico enviei a Éfeso... Erasto ficou em Corinto, e a Trofimo deixei-o doente em Mileto. " .
O ministério ou função específica que cumpriam era: Evangelizar ( Epafras em Coloso, Col 1: 5-7. II Tim 1: 6- 8; 4: 1- 5). BATIZAR ( Atos 8: 12) Ensinar a doutrina da Igreja ( I Tim 4: 6-13; II Tim 1:6-8 ; 4: 1-5). Instruir homens fiéis ( II Tim 2:2) . Estabelecer presbíteros ( I Tim 3:1-7: Tito 1: 5-9). Corrigir o que está errado ( Tito 1:5 ). Fica evidente que no campo de ação exerciam as mesmas funções que um apóstolo, porém com autoridade delegada.
A diferença que existia entre um apóstolo e um evangelista consistia em que o evangelista não tinha a graça e a revelação como o apóstolo e o profeta. Por isso , ainda que na prática exercia as mesmas funções, sem dúvida devia ser um fiel comunicador dos ensinamentos apostólicos. Paulo escrevendo a Timóteo , enfatizou : Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido ( II Tim 1:13 ) "E o que de mim , entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens, fiéis , que sejam idôneos para também ensinarem a outros". ( II Tim 2: 2) . Se me permite uma versão livre, é como se houvera dito: "Cumpre teu ministério que é de evangelista, não te faças apóstolo, limite-se a graça que Deus tens-lhe dado, não te ponhas a inventar, transmite com fidelidade a doutrina que aprendeste de mim que sou um apóstolo." Paulo tomou cuidado ao iniciar suas cartas de não incluir a Timóteo ou a outros com a designação de apóstolo. Ver I Cor 1:1 ; II Cor 1:1; Fil 1:1 Col 1:1 I Tess 1:1 II Tess 1:1
A função de um evangelista é mais ampla que simplesmente pregar o evangelho aos pecadores. Porque então se chama evangelista? Como uma das funções primordiais de um apóstolo era evangelizar novas regiões, ao ser o evangelista o seu colaborador, certamente se denominava assim por ser a evangelização uma de suas tarefas principais. A Igreja de Colossos estava debaixo da autoridade apostólica de Paulo, porém quando ele escreveu a carta ainda não havia estado com eles. A Igreja surgiu ali pelo ministério evangelistico de EPAFRAS ( Col 1:5-7).
Na lista de I Cor . 12:28 não se menciona o evangelista. Muito provavelmente seja pelo surgimento paulatino dos ministérios . Calcula-se que I Corintios foi escrita por volta do ano 57 e Efésios , por volta de 61-62. É possível que ao escrever-se I Corintios , os colaboradores dos apóstolos ainda não se denominara assim. Quando se descreve a ação de Felipe em Samaria em Atos capitulo 8 não se faz menção a ele como evangelista. Muito menos o menciona com "O EVANGELISTA" em Atos 21:8 quando já se havia passado vários anos. Provavelmente esta classe de ministérios havia estado atuando sem que se desse um nome específico até mais tarde.
Consideração contextual: Dada a semântica atual do termo evangelista no âmbito evangélico , nós devemos ter claros estes conceitos, Porém as vezes é preciso ser prudente em seu uso externo. Com graça, paciência e humildade compartilharemos estas coisas fora de nossos círculos, no momento e no lugar adequado.

Pastor - Mestre
Pelas seguintes razões, temos chegado ao convencimento de que pastor e mestre são uma mesma função e ministério:
O texto de Ef 4:11 não diz: "a outros pastores, e a outros mestres"; o texto diz: "a uns apóstolos; a outros profetas, a outros evangelistas; a outros pastores e mestres".
O termo " pastor" é uma expressão alegórica, cuja correlação literal seria "mestre". O pastor tem ovelhas; o mestre , tem discípulos.
Este é o único texto em a palavra "pastor"( poimem) aparece no grego referindo a ministérios. Os outros três textos em que aparece na versão castelhana de Valera R.60, conferir Hebreus 13:7,17 e 24. No original grego a palavra é "dirigente". O verbo "pastorear" aparece várias vezes no grego.
Na lista de I Cor 12: 28, diz: primeiro apóstolo, segundo profetas, terceiro mestres. Não se menciona "pastores, porque pastorear era uma das principais funções do ministério.
Lucas relata em que a Igreja em Antioquia havia profetas e mestres, e não menciona pastores. Acaso podia haver rebanho sem pastores?
Por todas estas razões e algumas mais, entendemos que pastor e mestre são um mesmo ministério. E que os ministérios principais dentro do corpo de Cristo são quatro e não cinco. Esta é a única menção que se faz no original o termo pastor. Se não usarmos tanto este termo, o resultado será um quadro mais claro.. Não é mal usa-lo, desde que não abusemos dele e que entendamos que pastor e mestre são o mesmo ministério.
Consideremos agora a equivalência entre Presbíteros, Bispos, e Pastores-Mestres
Presbíteros: É o termo mais usado no N.T. para referir-se aos homens que os apóstolos estabeleciam à frente de novas comunidades. Atos 14:23 diz: e "constituíram presbíteros em cada Igreja..."
Bispos: Em Atos 20:17, Paulo reúne os presbíteros de Mileto, e lhes disse: ..."o Espírito Santo vos constituiu bispos...." ( v 28) Em I Tim 3: 1-2 e Tito 1: 5,9 , usa os termos bispo e presbítero indistintamente para referir-se ao mesmo cargo ministerial.
Mestres: Entre os requisitos para reconhecer a alguém como presbítero, e as demais qualidades de caráter, é básico que tenha um dom ministerial, que seja "apto para ensinar". No grego, a palavra é "didakticós". ( Daí a palavra "didático"). "Didakticós" é a qualidade que mostra um "didaskalós , é dizer, um mestre. Em Tito 1:9, em outras palavras, mostra o mesmo requisito para o reconhecimento dos presbíteros: saber ensinar.
Pastores: Em Atos 20:27, Paulo aponta aos presbíteros de Éfeso que sua função é "apascentar" no grego pastorear. Pedro disse o mesmo aos presbíteros: " Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;" ( I Pedro 5:2).
Com toda esta análise chegamos as seguintes conclusões:
Pastor, mestre, presbítero e bispo, sãos diferentes termos para descrever um mesmo ministério, cargo e função. Em um mesmo homem se pode ver de três diferentes perspectivas :
Dom
Cargo
Função
Mestre
Presbítero
Pastor

Bispo

O dom ou graça ministerial é dada pelo Senhor. Por isso ao enumerar os ministérios segundo os dons se usa o termo "mestre". Os apóstolos não podem estabelecer mestres senão reconhecer o dom de mestre que o Senhor tem dado a alguns. Se possuem os outros requisitos, se pode estabelecer como presbíteros.
Todas as referências que encontramos quanto a este cargo ou ministério estão no plural. Isto significa que sobre cada igreja havia um presbitério cuja responsabilidade era ensinar, pregar, pastorear, cuidar, e governar ( I Tm 3:2 ; Tito 1:9 ; I Tm 5:17 ; Heb 13:17 ; I Pd 5:1-4 ) .
Algumas considerações sobre os ministérios:
Paulo disse em Efésios 4:7-8 "Mas a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo. Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens" . Ele que outorga estes ministérios, é o Senhor, com base em sua soberania. Ele, por graça, escolhe a alguns homens para certas funções; os chama e lhes dá dons ou carismas para um ministério específico. Esse dom é uma graça ( capacidade ou habilidade ) que alguém recebe para desempenhar uma função determinada no corpo de Cristo. Em Cristo habita a plenitude de todas as graças, dons e ministérios; e ele , de si mesmo, dá a cada um o que ele quer, e na medida que Ele determina. Ninguém pode ser apóstolo, profeta, evangelista, ou pastor e mestre por própria decisão. O chamamento e o carisma para certo ministério vem de Deus.
Os dons e ministérios podem crescer, desenvolver-se, ampliar-se segundo a vontade de Deus. Felipe era um dos sete administradores em Atos 6; logo foi denominado evangelista. Barnabé e Saulo foram mencionados entre os profetas e mestres em Antioquía, mais tarde os chamaram de apóstolos.Devemos ter claro que estas mudanças estão debaixo da soberana mão de Deus. Cada um de nós deve fugir da idéia mundana e carnal de buscar "ascensão". Nossa maior ambição deve ser estar no centro da vontade de Deus. Se sua vontade é que um seja um diácono até o fim de meus dias, o serei com muita alegria, paz e fidelidade.
A Bíblia declara que "os dons e o chamamento de Deus sãos irrevogáveis" ( Rm 11:29 ) .Sem dúvida para exercer um ministério não é suficiente, ter dons e chamamento; é necessário segundo a instrução do apóstolo Paulo, ter um caráter com virtudes cristãs ,bom testemunho e trajetória. Por mais dons que tenha uma pessoa, pode ficar desqualificada para o ministério por não reunir os requisitos quanto a qualidade de vida.
Outro aspecto que precisa levar em conta, é que, aqueles que tem o mesmo ministério não são necessariamente iguais; nem no desempenho ministerial, nem em estrutura espiritual, nem em nível de graça, nem em autoridade espiritual. Um profeta pode ter um ministério muito mais transcendente e extenso que outro profeta. O mesmo podemos dizer a respeito de cada um dos outros ministérios.

3a Parte
Considerações gerais sobre a estrutura Eclesial

A estrutura da Igreja é viva e dinâmica. O modelo de governo que encontramos nas Escrituras não é uma estrutura rígida e estática, senão vital e dinâmica. Um edifício tem uma estrutura, porém sua estrutura, seja de cimento armado, ferro ou madeira, é estática, fixa. Não cresce nem desenvolve. A estrutura da Igreja é como a estrutura de uma árvore, que cresce de um modo natural em virtude de sua vida. A Igreja é um organismo, um corpo. Um organismo é um sistema vivo. A figura que corresponde é do corpo humano, com uma estrutura que tem vida e cresce.
A estrutura da Igreja é ministerial e funcional. Das 24 vezes que aparece o termo "ministério" no N.T., 21 vezes provém da tradução da palavra grega "diakonia". Ministério quer dizer serviço. Todos os ministérios sãos diakonias. Todos os ministros são servidores. O "primeiro"( e há primeiros) tem que ser o servidor de todos ( Mt 20: 25-27). O propósito da autoridade é servir. A função da estrutura eclesial é unir a todos os membros do corpo com o cabeça, que é Cristo, para ser possível a sua nutrição, seu crescimento, sua capacitação, e seu conseqüente funcionamento.
A estrutura é carismática . Jesus Cristo capacita soberanamente a alguns homens com carismas ou dons especiais e diversos para as diferentes funções dentro do corpo. Os diferente ministérios não estão determinados pela vontade de cada um, e sim por um chamado o qual cada um responde. Não é uma carreira de ascensão, é uma graça recebida que capacita aquele que recebe para uma função determinada. Analisando o desenvolvimento da Igreja do primeiro século, observamos Quatro Princípios Fundamentais na Estrutura Eclesial:



1) O princípio da Pluralidade
Os apóstolos eram doze.
Os administradores ( diakonos ) eram sete (At 6).
número mínimo requerido para uma pluralidade é de dois. Jesus enviou os setenta de dois em dois ( Lc 10:1).E disse: "Se dois de vós estiverem de acordo..." (Mt 18:19) " Onde estiver dois ou três ...." ( Mt 18:19 ).
Se menciona a Pedro e João, Barnabé e Saulo, Paulo e Silas, etc.
Os apóstolos sempre estabeleciam "presbíteros"( plural) para estar a frente de uma Igreja. Em Filipo se fala de "bispos e diakonos"( Fl 1:1 ).
Paulo funcionava com uma equipe apostólica.
Em Jerusalém se reuniram os apóstolos e anciãos, no primeiro concílio da Igreja, para discernir a respeito da circuncisão ( At 15) . Nos séculos posteriores muitos assuntos foram decididos por concílios.
2) O princípio da Unidade
A pluralidade funcionava em unidade. Eram doze apóstolos, porém havia uma só Igreja em Jerusalém. Os doze formavam um só ministério, uma só equipe apostólica " E era um o coração e a alma da multidão dos que criam..."( At 4:32) . Havia uma só Igreja em cada cidade. Pluralidade de anciãos, porém um só presbitério sobre a única Igreja da cidade. Diferentes apóstolos podem ministrar em uma mesma cidade, porém não estruturar diferentes Igrejas em torno de seu ministério ( I Cor 1:10-13; 3:3-11). Este princípio de unidade devia estar vigente na Igreja de cada cidade e do mundo, e era um dos assuntos que com maior zelo observavam os apóstolos. A unidade da estrutura é fundamental no resultado para a unidade do povo de Deus.
3) O princípio da Autoridade
Este princípio possibilita que a Igreja seja CORPO. Cristo é a única autoridade do corpo, é a única cabeça; os demais somos todos membros. E quanto a perdão, salvação, acesso a Deus, vida, privilégios, benções, somos todos iguais; porém quanto aos dons, carismas, ministérios, funções e responsabilidade, somos diferentes.
Existe uma ordem de autoridade: Primeiro os apóstolos, segundo os profetas, terceiro os mestres, etc. O corpo de Cristo funciona dentro de um ornograma vertical que vai desde a cabeça até o último membro, unindo-se todo.
Havia entre os doze, sendo todos apóstolos, quer dizer, tendo o mesmo grau ministerial, Pedro era o primeiro entre os iguais. De modo que combinavam os três elementos: pluralidade, unidade e autoridade. Não cremos que Pedro foi o "Papa". Porém era quem despontava entre os doze e os presidia, ainda que por sua vez , estava sujeito aos demais. Também podemos notar que Pedro, Tiago e João se destacavam por uma maior ascendência entre os doze em Jerusalém .
Em nossos dias, ao escrever uma lista de nomes, para que ninguém se ofenda, geralmente fazemos em ordem alfabética. Porém nos textos bíblicos geralmente a ordem era indicativo de certa ascendência. Das várias listas em que aparecem os doze, sempre em primeiro aparece Pedro e em último Judas. Em atos 13, Barnabé encabeça a lista e Saulo a finaliza .
Ao iniciar a primeira viajem apostólica se lê: "Barnabé e Saulo". Mais adiante, quando o ministério de Paulo se torna mais importante, se relata como "Paulo e Barnabé". Não é acidental e sim intencional. Quando há dois ou mais, geralmente um tem maior graça e ascendência, e se requer humildade para reconhecer.
Os profetas reconheciam a ascendência dos apóstolos. Não havia evangelistas independentes; eles eram de grande utilidade sujeitos aos apóstolos. Os presbíteros não constituíam a autoridade final sobre as Igrejas, e sim estavam debaixo da autoridade dos apóstolos, e se sujeitavam aos colaboradores enviados.
Os diáconos funcionavam debaixo dos presbíteros, e eram de grande ajuda em diferentes áreas de serviço. Este mesmo princípio podia ser levado ao presbitério ao reconhecimento de um presbítero principal entre eles.
4) O princípio de Desenvolvimento Gradual
Já dissemos que a estrutura da Igreja primitiva era viva e dinâmica, e que foi se desenvolvendo e estendendo-se segundo o seu crescimento. Uma gigantesca árvore tem uma grande estrutura. Não necessitava de semelhante estrutura quando era um pequeno arbusto. Do mesmo modo, desde Atos 2 até Apocalipse 2 se pode observar como a estrutura da Igreja foi crescendo e desenvolvendo paulatinamente, segundo a necessidade. A princípio só havia apóstolos, logo apareceu um segundo nível de sete homens ( diáconos) . Depois surgem os profetas, os presbíteros, etc.
É fundamental que tenhamos muito em conta este princípio de desenvolvimento gradual da estrutura, para não cometer o erro de tirar conclusões à partir de uma análise da estrutura da Igreja primitiva em um momento determinado de seu desenvolvimento. A análise correta surgirá ao estudar o desenvolvimento histórico da estrutura eclesial, pelo menos até onde permitam os registros do N.T.
4a Parte
Estrutura da Igreja Local e Translocal
A Estrutura da Igreja Local

Uma só Igreja em cada cidade. Este é um tema que tem sido desenvolvido claramente pelo irmão Angel Negro, concluindo-se que, de acordo com os ensinamentos e prática dos apóstolos, a totalidade dos crentes que vivem em uma localidade formam a única Igreja dessa cidade o povo: A Igreja local.
Um só corpo em uma cidade. A unidade da Igreja de uma determinada cidade não consiste em ter um único lugar de reunião. De modo que, os discípulos que vivem em uma cidade, podem reunir-se em um só lugar ou em muitas casas, em todos os bairros, segundo as circunstâncias próprias de cada época e lugar, e segundo que seja funcionalmente e mais conveniente na ordem e objetivos de Deus..
A unidade da Igreja da cidade consiste em ser um só corpo. E isto não é algo "espiritual". Ser um só corpo na cidade significa ter uma unidade orgânica, estrutural. Significa que todos os filhos de Deus da cidade são membros do mesmo corpo e estão unidos uns aos outros pelas conjunturas. Significa que todos os ministérios que funcionam na cidade estão unidos. Significa diversidade em unidade. Há diversidade de dons, diversidade de ministérios, diversidade de operações, porém nunca diversidade de "corpinhos" em uma mesma cidade. ( I Cor 12).
Uma só estrutura na cidade. Funcionar como um só corpo em cada cidade, significa ter uma só estrutura de ministério e governo. Um ministério unido, um só governo sobre a Igreja local. Todos os pastores da cidade formam um só presbitério sobre a única Igreja da cidade ( Atos 20: 17-18).
Funcionamento interno do presbitério. Tendo em conta os quatro ( 4) princípios da estrutura eclesial já apontados: unidade, pluralidade, autoridade e desenvolvimento gradual, podemos tentar esboçar a maneira em foi progredindo, possivelmente, a autoridade interna do presbitérios :
Poucos presbíteros, TODOS IGUAIS em autoridade.
Um presbítero exercendo a função de COORDENADOR.
Alguém atuando como O PRIMEIRO ENTRE OS IGUAIS, ("primus inter pares" em latim).
UM PRESBÍTERO PRINCIPAL o "ANJO ( mensageiro) da Igreja de ...." (Apoc 2:1, etc.).
UM BISPO ( antes sinônimo de "presbítero") sobre o presbitério, aquele que tem a principal autoridade sobre a Igreja da cidade ( começo do segundo século).
Os três níveis ministeriais da Igreja local . Na primeira etapa do trabalho dos apóstolos nas Igrejas locais, havia um só nível ministerial: Os presbíteros. Posteriormente se estabeleceram mais dois (2) níveis oficiais de ministério: os presbíteros / bispos / diáconos. A partir do segundo século, as Igrejas locais foram-se estruturando em três níveis: BISPOS, PRESBÍTEROS, E DIÁCONOS.

A estrutura da Igreja Translocal
A unidade da Igreja universal. Jesus Cristo disse: " Edificarei a minha Igreja..." ( Mt 16:18), utilizando a palavra "igreja" no singular ao referir-se a Igreja universal. Isto nos dá base para compreender que não só a Igreja da cidade é uma, e sim também a Igreja universal. Cristo tem uma só Igreja, um só rebanho, um só povo, uma só nação, uma só família, um só corpo, uma só esposa. A totalidade dos redimidos de todas as idades, e de toda língua e nação, formam a IGREJA UNIVERSAL DE CRISTO; abrangendo a todos os que estão nos céus e na terra. ( Ef 3:14-15). A unidade da Igreja nesta dimensão, também foi exposta aqui por Cristan Romo.
A unidade da Igreja translocal . Com esta expressão nos referimos a Igreja que está mais próxima da localidade, e que pode estender-se as Igrejas de uma região, de uma nação, de um continente ou do mundo. Todas as Igreja locais são partes da única Igreja universal de Cristo. Há muitas passagens no N.T. que se refere a Igreja universal como um só corpo ( EF 1:22-23; Col 1: 18) . O funcionamento da "Igreja" e muitas "Igrejas locais" é uma simples subdivisão geográfica e prática, e não afeta a sua natureza essencial . Não existe visão apostólica nenhuma Igreja "autônoma" ou independente
Se o corpo de Cristo é formado por todos os remidos do mundo todo, todas as partes do corpo devem estar unidas e funcionar interdependente. A forte a ênfase que recebemos de W. Nee sobre a unidade da Igreja local nos desequilibrou e perdemos de vista está dimensão da unidade da Igreja universal .
Os ministérios translocais são a estrutura funcional da igreja translocal. Já vimos que os apóstolos e evangelistas são os ministérios translocais, que unem o corpo de Cristo que estão em diferentes lugares, e os responsáveis de zelar pela saúde e bom desenvolvimento das Igrejas locais, e de estender-se o reino de Deus até os confins da terra.

Estrutura Total
da Igreja
Apóstolos

Profetas
Ministérios Translocais
Evangelistas

Bispos

Presbíteros
Ministérios ou Cargos Locais
Diáconos
(sujeitos aos ministérios translocais )

A Igreja local tem uma estrutura sustentada por uma infra-estrutura : os ministérios translocais.
Cristo é a única cabeça da igreja. Os apóstolos são a autoridade principal aqui na terra. Os profetas e evangelistas são parte da equipe apostólica. A unidade das Igrejas locais se dá pela sujeição dos bispos aos apóstolos ou de seus delegados. A unidade da Igreja translocal se realiza pela unidade dos apóstolos. Como podemos ver, a estrutura local continua na translocal e assim se dá uma unidade funcional no corpo de Cristo.




Conclusão
É muito importante mantermos uma atitude de quebrantamento e permanente busca diante de Deus e de sua Palavra, diante deste tema : Ministérios, Governo e Estrutura da Igreja. Como temos advertido, nas Escrituras não encontramos um "manual" com um esquema completo e acabado sobre a organização e governo da Igreja, e sim, princípios permanentes e modelos da Igreja do primeiro século.
O nível de desenvolvimento que hoje se tem alcançado na obra, na parte do corpo de Cristo, onde temos responsabilidade ministerial direta, necessitamos fazer certas definições para o funcionamento mais ordenado, coerente e dinâmico. Porém muitas vezes necessitamos de humildade para aprender de Deus, e mais humildade ainda para aprender com os outros, sem se importar de que setor da Igreja nos chegue maior clareza .
Não corresponde a mim, fazer uma aplicação destes princípios a nossa realidade. Outros irão fazer. A tarefa que a mim foi designado, foi dar um enfoque bíblico e teológico do tema.Ao concluir, quero expressar o seguinte: A divisão da Igreja é um dos assuntos mais difíceis e críticos da atualidade do mundo protestante.
Temos sobre nós 500 anos de divisões. Porém somos um movimento de restauração e renovação da Igreja. Deus, por pura graça, nos tem dado luz sobre antigas verdades das Escrituras. Deixando de lado todo "complexo messiânico", "iluminismo" e orgulho, devemos declarar com fé, sinceridade e unção a convicção que Deus tem forjado em nossos corações por sua Palavra e por seu Espírito:
Reconheçamos que bíblica e teológicamente A Unidade é a única alternativa válida para a Igreja.
Reconheçamos com dor que a Divisão da Igreja, realidade inegável e problemática muito complexa, é uma anormalidade, e que não está de acordo com a natureza da Igreja; é contrária aos ensinamentos apostólicos; não contribui para a edificação dos santos; e é um empecilho para o nosso testemunho diante do mundo.
Cremos firmemente que Deus quer restaurar a Unidade Total e a Santidade de sua Igreja, e proclamamos que tem todo o poder para fazer.
Cremos que a restauração da Igreja está intimamente relacionada com a restauração de todos os ministérios. Deus irá levantar ministérios apostólicos e proféticos até que todos alcancemos gradualmente a unidade do Espírito, a unidade da fé, e a unidade do corpo de Cristo, em cada cidade, em cada nação e no mundo. Reconheçamos que esta obra é um milagre tão grande que só Deus pode fazer. E creiamos que fará. Mais ainda que já está fazendo. Devemos ser solícitos em buscar a unidade com todo o povo de Deus, e gradualmente ir unindo-nos com todos aqueles com quem o Senhor nos for aproximando.

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